Para os antigos egípcios, sonhar também era um processo de cura.
Cá estou eu, fazendo estudos "free style" sobre o Antigo Egito. Digo "free style" porque não estou seguindo nenhuma linha de tema, mas sim estudando o que me cai no colo.
Beleza.
Li sobre as "câmaras de incubação", e fiquei fascinada; aqui compartilho com vocês.
"No entanto, especialmente preocupados com as manifestações das divindades, os antigos Egípcios conferiam grande importância a todos os sinais que pudessem indiciar uma comunicação entre as esferas do divino e do humano e entre eles estava o sono, fase simultaneamente delicada e privilegiada em que o homem podia entrar em contato com os deuses pelos sonhos, fossem eles espontâneos/acidentais ou provocados/induzidos, podendo deles receber visões premonitórias e curas. No antigo Egito, os sonhos estavam numa zona liminar entre a terra dos vivos e o Além (Duat), habitado e dominado pelos deuses, tornando‑os «visíveis» aos humanos. As visões noturnas e os sonhos constituíam, por isso, na sua concepção, um processo excepcional das deidades se manifestarem e de indicarem aos humanos os corretos procedimentos a empreender. Eram, nesse sentido, zonas de «união entre a terra e o céu», autênticas teofanias. Os sonhos não eram um evento interno, pessoal, desligado do Cosmos, mas sim uma visão abrangente; uma janela aberta especialmente para os deuses e, na opinião de Diodoro, o último recurso para aqueles que não encontravam cura para os seus males “junto dos seus médicos”, subentendendo‑se que estes se mostravam incapazes de produzir a cura e/ou haviam desistido dos doentes. A «esperança» era, agora, depositada totalmente na força e na intervenção da divindade. No antigo Egito, os templos mais conhecidos pelas suas terapêuticas curas eram o templo funerário de Hatchepsut (Deir el‑Bahari), o templo de Seti I (Abidos), os Serapea (Mênfis e Canopos) e o templo da deusa Hathor (Dendera). "
Deusa Hathor
Nas várias câmaras ou células do sanatorium de Dendera, os doentes hospedavam‑se e descansavam, esperando por sonhos que lhes fornecessem as prescrições divinas para a sua recuperação. A proximidade com a deusa era garantia de um tratamento/de uma melhoria eficaz, senão mesmo da cura total. Os sacerdotes‑médicos derramavam água sobre estátuas inscritas com textos mágicos (estátuas curandeiras) com o objetivo de que o poder curativo das fórmulas passasse para as águas que, assim, se sacralizavam, usadas então para banhos e ingestões dos doentes. Em Dendera, o tratamento das doenças incluía, portanto, uma série de banhos, sonos e sonhos reparadores e diversas práticas mágicas. A conjugação destas «técnicas», junto do templo principal da deusa Hathor, era muito procurada e justificou a construção e equipamento do edifício‑hospital.
O processo de cura através dos sonhos constava, portanto, do repertório de práticas curativas usadas pelos antigos Egípcios, sobretudo nas épocas mais tardias da sua história, como mostra o exemplo de Dendera.
Opmerkingen