O silêncio é o mais cristalino dos espelhos
O mais leal dos companheiros
E ainda que teus olhos o evite
Ainda que teu coração não o encare
Ele estará lá
E mesmo a vontade fugidia não o assusta
Nem a mente criando tempestades o afugenta
Ele permanece intacto
Puro e verdadeiro
Assim como o céu continua azul acima da nebulosa
Portanto, se te abrirdes para ele
Ele te falará ao coração
Com palavras que ainda não foram pronunciadas por homem algum.
Recentemente li um livro que me impactou bastante e me trouxe uma nova perspectiva sobre o silêncio e sua importância. O livro chama-se Liberte-se do Passado de Jiddu Krishnamurti.
Nesse livro o autor fala que a mente é o resultado de nossas experiências. Tudo o que acontece dentro do nosso pensamento é um eco de um tempo que não existe mais.
Isso é tão verdadeiro que seu eu pedir para você imaginar algo totalmente novo, você não conseguirá. O máximo que você pode fazer é combinar coisas que você já conhece a fim de criar alguma coisa nova.
A mente não consegue elaborar nada que já não exista como informação dentro dela.
Até por isso ela é uma ótima ferramenta para que atuemos no mundo, mas uma péssima maneira de entrar em contato com a realidade. Uma vez que a vida, enquanto processo, é algo totalmente pulsante, novo e desconhecido.
Partindo desse pressuposto, ele afirma que a mente é igual a passado e, portanto, através dela não podemos compreender e nos relacionar com a realidade de fato, pois o mundo real, a vida, acontece no presente.
Ele vai mais longe, afirmando que quando estamos na mente não estamos nos relacionando com o mundo a nossa volta, nem com as pessoas, nem com os objetos. Na verdade estamos nos relacionamos com nós mesmos, ou seja, com as imagens que criamos e sustentamos dentro de nós.
Por exemplo quando vemos uma flor, se pararmos diante dela e dizermos "que flor bonita", já não estamos mais nos relacionando com a flor, mas com a ideia que temos dela. O fato de categorizar já nos distancia da possibilidade de alcançar a profundidade, a verdade, da flor ou do que quer que seja.
Esse tipo de relacionamento, que é preponderante na nossa sociedade, é um relacionamento desconectado e egoísta, fundamentado na mente.
Nunca estamos de fato presentes para compreender a totalidade do que se apresenta diante de nós.
Estamos julgando e rotulando as coisas e as pessoas conforme o nosso catálogo interno de informações. Isso deixa as nossas relações superficiais e vazias. Passamos a criar padrões de reatividade e a repeti-los num ciclo vicioso.
O caminho para podermos experimentar a realidade, segundo Krishnamurti, seria o que ele chama de percebimento. Que pode ser obtido através da atenção e do silêncio.
Ele diz "Atenção não é a mesma coisa que concentração. Concentração é exclusão; atenção é percebimento total que nada exclui".
Através do percebimento podemos mergulhar profundamente no mistério da vida. Podemos romper com o passado, com os grilhões que nos aprisionam ao sofrimento, ao ciclo vicioso criado pelas nossas memórias.
Obviamente que isso é muito simples de dizer, mas sabemos que é muito difícil de viver. (Falo por mim mesmo).
Mas, a ideia aqui é abrir uma brecha para que a semente do silêncio possa florescer. Abrir espaço para que a vida se manifeste no presente e que possamos percebê-la em toda a sua pujança.
Deixo aqui algumas dicas práticas para você praticar o percebimento no dia de hoje:
-Separar uns minutinhos para fazer uma meditação em silêncio, se interiorizando
-Tomar banho com presença, percebendo as sensações
-Fazer as refeições de modo a perceber o sabor e textura dos alimentos
-Ouvir atentamente uma pessoa querida, sem fazer julgamentos e interrupções
Bom dia!
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Uauuu! Nunca tinha parado pra pensar na mente como sendo o passado. Virou uma chave aqui ✨👏🏽👏🏽
Estou muito grata por esta mensagem chegar pra mim no dia de hoje.
O novo me convida a um mergulho neste percebimento, porque só assim posso realmente me entregar para este novo que não consigo imaginar - e agora entendo melhor o por quê.
Grata querido.
Essas suas palavras me enriqueceram e ainda serão compartilhadas muitas, muitas vezes.
Eita, que "transmimento de pensação!"
O post de amanhã vai exatamente nessa pegada!