Esta é uma história sobre abandonar: abandonar o controle (aquele controle doentio que achamos sermos possuidores), abandonar o medo (que nos paralisa, medo este muitas vezes de coisas que só existem na nossa cabeça), abandonar o ego.
Certa vez, um monge budista caminhava por uma floresta, distraído com seus problemas. Seu coração estava pesado, sentia-se perdido, tudo fugia do seu controle.
Onde tinha errado?
Como sua vida tinha chegado neste ponto de caos? Nem seus pensamentos lhe obedeciam mais!
Andava tão distraído e desgostoso que não percebeu que um tigre o seguia sorrateiramente.
Em certo ponto da estrada, o tigre decidiu ataca-lo. Tirado de seus pensamentos, o monge se apavorou, e começou a correr sem direção - até que escorregou em uma pedra e acabou pendurado por apenas uma mão, com o corpo balançando sobre um precipício.
O tigre o observava de perto, portanto se erguer para voltar para a estrada era impossível.
Um abismo desconhecido o aguardava abaixo.
E no meio, lá estava ele, pendurado por apenas uma mão.
Sua força começou a falhar conforme ele se martirizava por mais este descuido em seus pensamentos. Se não estivesse tão preocupado consigo mesmo, teria percebido o tigre.
Quanto mais ele pensava no que poderia ter sido feito diferente, mais sua força o abandonava.
Então ele viu um pé de morango próximo à sua mão. A fruta vermelha era linda, perfeita, macia, perfumada. Em toda sua vida, o monge jamais tinha visto uma fruta tão bonita, tão suculenta.
Aliás, em toda a sua vida ele mal conseguira reparar em nada além de seus próprios pensamentos -todos ruins, todos de cobrança, de tentar controlar tudo ao seu redor. Na ânsia de tentar dominar o próprio ego, acabou sendo engolido por ele e esqueceu-se do mundo.
Suspirou, entendendo que seria impossível controlar a vida. Que seria impossível "matar" o próprio ego, pois esta era uma parte dele mesmo- e ele já não vivia fragmentado, tentando calar suas partes, tentando controla-las? O melhor que poderia fazer era aprender com as situações, e aproveitar o momento presente, da melhor forma possível.
Antes de se soltar da pedra que o segurava, agarrou o morango.
Seu sabor era delicioso, como jamais provara antes.
Que esta história possa servir de insight para vocês, assim como serviu para mim!
Uma boa sexta-feira para nós :)
Higen
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