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Foto do escritorHigen

19/04/2024 ✧ Amor ✧ Higen

"Quem aprende mais? Aquele que vive com medo, escondido, apenas estudando a teoria, ou o que vai para o mundo viver a prática?"



Estive pensando no livro Sidarta, do Herman Hesse, esses dias. Principalmente no arco do personagem Govinda, melhor amigo do Sidarta.

E por que isso?


O arco de desenvolvimento desse personagem é curioso: amigo desde sempre do personagem principal, enquanto Sidarta resolve se atirar de cabeça na vida, quebrar a cara, experienciar de tudo, Govinda fica lá, quietinho meditando e estudando dentro dos templos, seguindo todos os preceitos contidos nos livros sagrados.


No final, ambos chegam às suas conclusões, por caminhos bem diferentes. Govinda termina o livro com um certo gosto amargo na boca, pois sente que passou boa parte da sua vida escondido dela enquanto o amigo adquire aquele olhar profundo dos iluminados.


Um outro personagem de outro livro, Matahachi (livro Musashi, de Eiji Yoshikawa) segue um caminho parecido: melhor amigo do Musashi, decide se atirar na vida inconsequentemente, provando tudo o que lhe cai na frente, enquanto Musashi vai por uma trilha mais árida, espartana e aparentemente cinzenta de autoconhecimento. Matahachi, a cada reencontro com o amigo, se enche de inveja, pois reconhece que o trabalho árduo de Musashi está trazendo resultados, enquanto ele mesmo se sente como uma folha perdida vagando ao sabor do vento.


Em certo ponto, ao escapar de uma pena de morte, acaba se convertendo em um monge budista, e fica receoso de voltar ao mundo real e se perder novamente. Porém, ao ver em uma viela uma moça que foi sua ex-parceira trabalhando duro com um bebê nos braços, entende que aquela criança era sua filha, e uma decisão precisa ser tomada:


Voltar para o mundo e se arriscar, ou se esconder atrás das paredes do templo?


Ele decide largar a vida monástica e ir viver com sua nova família. Antes de partir, avisa seu companheiro de viagem da sua decisão.

  • Quem aprende mais? Aquele que vive com medo, escondido, apenas estudando a teoria, ou o que vai para o mundo viver a prática?


Viver assusta. Lidar com pessoas assusta - somos imprevisíveis, destemperadෆs, teimosos e explosivos.

Talvez a gente crie um roteiro de como as pessoas ao nosso redor devam agir (sem avisa-las da existência desse script) e acabamos frustradෆs quando uma virgula sai do lugar. Talvez ficar em casa com meus pets e minhas plantas seja mais seguro e menos estressante do que ter de lidar com os colegas de trabalho, com a família reunida.


Talvez.


Mas aqui estamos esquecendo das boas surpresas que SIM, ainda existem no nosso caminho. Uma pessoa atenciosa que nos deixa passar na frente na fila do mercado, alguém que segura o trânsito para que a gente atravesse, que segure o ônibus enquanto a gente corre que nem um avestruz para alcança-lo.

Um "bom dia", um olhar, um abraço espontâneo.

Pequenas coisas, né, mas que fazem a diferença. Pequenas magias que um ser humano consegue fazer.


E quem consegue aprender mais?

Hoje não concordo com a fala do Matahachi de que aquele que se retira do turbilhão aprende menos - cada um tem seu tempo e seu jeito de viver e aprender. Mas concordo que, uma vez que escolhemos estar aqui e agora, é interessante nos mantermos numa postura mais ativa e participativa, dentro dos nosso limites.


Amar pode doer.

Mas às vezes é uma "dor boa", pois nos mostra que estamos vivos. E que estamos aqui para aprender.


Excelente sexta para nós!


Higen



MÚSICA: LOVE HURTS, IncubusCLIQUE AQUI para ouvir no Youtube




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