
Ainda que eu pudesse descrever a beleza do indizível eu teria de me resvalar nas palavras mundanas, cujo espaço é pequeno, cujo o alcance é curto, cuja a amplitude é rasa. Nesse caso, o silêncio se torna uma prece e faz mais jus a verdade do que o que poderia ter ser dito com palavras contraditórias.
Mas como todos aqueles que escrevem, eu sou teimoso, e busco nas palavras algo da beleza dos sentimentos.
Costuro as ideias e os sentimentos numa tentativa de dar volume ao que não existe no mundo material, procurando frases que façam jus ao que meu coração conhece.
Talvez essa seja a sina dos magos e poetas, dos artistas e sonhadores, trazer para o mundo o que ainda não existe, cultivar a semente invisível e colocar todo o amor nela para que possa florescer e ser notada. Ainda que o resultado esteja aquém da idealização, ou bem distante dos sentimentos que a geraram.
De qualquer forma, eu acredito que todo artista é um facilitador e toda arte um atalho para o reino da beleza e da verdade, onde as coisas não perecem, onde o infinito e a perfeição existem.
E é por isso que o belo cabe na palavra, não em toda a sua amplitude, obviamente, mas como um fio condutor que liga o tangível ao intocável, o efêmero ao eterno e o humano ao divino.
É na arte, ainda que imperfeita, que podemos nos reconhecer e compreender o que sentimos. Como um espelho que reflete o lado de dentro e nos ajuda a ser mais íntimos de nós mesmos.
Hoje o dia amanhece como um dia qualquer.
Mas se escolhermos estar presentes no nosso espaço e cônscios da vida que acontece dentro e fora de nós, podemos, talvez, testemunhar um pouco da beleza das coisas, mesmo no que parece imperfeito.
É verdade que o silêncio diz mais do que as palavras, mas também é verdade que nosso eu humano também precisa do que está manifestado, pois é na relação com esse mundo que vamos desvendando os segredos desse universo (o único verso onde todos rimamos).
Bom dia!
MÚSICA ⋆ The Bard's Song ⋆ Ouvir no Spotify
Eu tava MUITO precisando ler isso hj, mano!
MUITO OBRIGADA!